Noticia: Árvore genealógica revela novas idades para ‘Adão’ e ‘Eva’
Em genética, chamam-se Adão e Eva os mais
recentes ancestrais comuns a toda humanidade. Ele é o pai do pai do
pai… de todos os homens e mulheres vivos.
Do mesmo modo, ela é a mãe da
mãe da mãe… Não foram os primeiros exemplares da espécie humana, ao
contrário do casal bíblico, nem necessariamente se conheceram. Foram, na
verdade, os últimos ancestrais a partir dos quais se pode traçar uma
linha direta de descendência paterna ou materna até os dias de hoje. Uma
nova pesquisa publicada nesta quinta-feira (1º) na revista Science
joga um pouco de luz sobre a época em que o Adão e a Eva da genética
viveram. Os pesquisadores descobriram que, ao contrário do que mostravam
estimativas anteriores, o ancestral comum paterno e o materno podem ter
vivido em momentos próximos ou até idênticos: o homem teria vivido
entre 120.000 e 156.000 anos atrás, e a mulher, entre 99.000 e 148.000
anos.
Para estudar os ancestrais masculino e
feminino, os cientistas examinam o material genético que homens e
mulheres passam, exclusivamente, para seus filhos e filhas. Durante o
momento da concepção, os genomas do pai e da mãe se misturam. Por isso, é
muito difícil saber qual dos dois transmitiu qual gene. Mas uma parte
do DNA é transmitida exclusivamente pelo pai: o cromossomo Y, que
determina o sexo masculino. É ele que contém as informações sobre o
ancestral paterno comum, chamado Adão cromossomial-Y. Também existe um
trecho do DNA que é transmitido exclusivamente pela mãe: o DNA
mitocondrial, um pedaço do genoma que não está localizado no núcleo, mas
na mitocôndria da célula. Por isso a ancestral comum a todas as
mulheres é conhecida como Eva mitocondrial.
O
Adão cromossomial-Y e a Eva mitocondrial, obviamente, não foram os
únicos humanos de seu tempo. Outros homens e mulheres podem até ter
deixado descendentes até os dias de hoje, mas não tiveram sucesso em
deixar uma linhagem inteiramente patrilinear ou matrilinear intacta — em
algum momento seus descendentes tiveram uma prole do sexo oposto,
interrompendo a transmissão do cromossomo Y ou do DNA mitocondrial.
Em estudos anteriores, os cientistas
estimavam que a ancestral materna devia ser até três vezes mais antiga
que o paterno. “As pesquisa anteriores indicavam que o ancestral comum
masculino teria vivido muito mais recentemente que o feminino. Nossa
pesquisa mostra, no entanto, que essa discrepância não existe”, diz
Carlos Bustamante, professor de genética na Universidade de Stanford, um
dos autores do estudo publicado na Science.
No novo estudo, os pesquisadores
sequenciaram completamente os cromossomos Y de 69 homens vindos de 9
regiões diferentes do globo: Namíbia, República Democrática do Congo,
Gabão, Argélia, Paquistão, Camboja, Sibéria e México. As modernas
tecnologias de análise genética permitiram que os pesquisadores
encontrassem, pela primeira vez, 11.640 pequenas diferenças entre esses
cromossomos.
Como
os cromossomos Y foram todos herdados da mesma pessoa — o ancestral
paterno comum —, essa variação genética só poderia ter surgido a partir
de mutações aleatórias, que se acumularam com o passar das gerações. Ao
estudar como as pequenas variações no cromossomo Y se espalharam pelo
globo e são compartilhadas pelas diversas populações mundiais, os
pesquisadores conseguiram traçar uma árvore genealógica da humanidade
como um todo.
No topo da árvore, está o Adão
cromossomial-Y. Abaixo dele, cada nova mutação no cromossomo representa
um novo ramo da árvore genealógica e o surgimento de uma nova linhagem.
Segundo os pesquisadores, a configuração dos ramos ao longo do tempo se
mostrou semelhante à distribuição das populações humanas conforme saíam
da África para habitar a Ásia e a Europa. “Essencialmente, nós
construímos a árvore genealógica do cromossomo Y”, diz David Poznik,
pesquisador da Universidade de Stanford e autor principal do estudo.
O passo seguinte dos pesquisadores foi
estimar a época em que o ancestral comum paterno viveu. Para isso, eles
estudaram o cromossomo Y de indígenas americanos. Os cientistas sabiam
que os habitantes originais da América só chegaram ao continente há
15.000 anos. Por isso, todas as mutações compartilhadas por todos os
indígenas deveriam ter acontecido antes — ou pouco tempo depois — desse
período. Já as mutações que variavam entre as populações devem ter
surgido pouco tempo depois, quando eles começaram a se espalhar pelo
continente.
Após analisar as variações genéticas, os
pesquisadores conseguiram calcular a taxa com que o cromossomo Y sofre
mutação ao longo do tempo. Ao aplicar essa taxa de mutação na árvore
genealógica que haviam descrito, eles foram capazes de estimar a época
em que o ancestral comum viveu: entre 120.000 e 156.000 anos atrás. Os
cientistas fizeram o mesmo tipo de estudo com o DNA mitocondrial dos 69
homens e outras 25 mulheres. Assim, desenharam uma árvore genealógica
semelhante para a ancestral comum materna e traçaram uma data para sua
origem: entre 99.000 e 148.000 anos atrás.
Os pesquisadores não sabem dizer o que a
sobreposição dos períodos estimados para a vida dos ancestrais comuns
masculinos e femininos significa. Segundo o estudo, a coincidência de
datas pode não ter nenhuma razão histórica — ser um simples fruto do
acaso. Mas também é possível que ela represente um período quando a
população humana sofreu um grande corte populacional, ao qual poucos
indivíduos sobreviveram para transmitir seus genes. “Algumas linhagens
morrem, e outras têm sucesso. Na maior parte, esse processo é aleatório.
Mas também é possível que existam elementos da história humana que
predispõe as linhagens a se sobreporem em determinados períodos”, diz
Poznik. Fonte: Veja com informação do blog
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