Psicanalistas vêem retrocessos em movimentos evangélicos que pregam a pureza sexual
O casal de namorados Jefferson Chaves Coelho, 18, e Aline dos Santos, 17, de Araraquara, formam uma união tão normal quantas tantas outras.
Mas em alguns aspectos hoje eles podem ser considerados “diferentes”: eles namoram já há cinco anos e ainda são virgens.
“Nossa religião ajudou nessa escolha, mas também acho que é um sinal de amadurecimento e que ajuda a nos conhecermos melhor antes do casamento”, diz Coelho, que é evangélico.
Segundo pesquisas com jovens esse comportamento ainda é pequeno no Brasil e os adolescentes iniciam a vida sexual cada vez mais cedo. Mas já há movimentos organizados de jovens religiosos e na internet que pregam o apego a antigos valores, como a virgindade antes do casamento e namoros mais duradouros.
Por exemplo, a página no Facebook “Eu Escolhi Esperar” reunia até ontem 303.625 apreciadores. O site cita um texto bíblico, a 1.ª Carta aos Tessalonicenses 4: 3,4,5, para justificar a escolha: “Porque esta é a vontade de Deus, a saber, a vossa santificação - que vos abstenhais da prostituição, que cada um de vós saiba possuir o seu vaso em santidade e honra, não na paixão da concupiscência, como os gentios que não conhecem a Deus”.
O jovem Gustavo Luiz Venturelli, 23, é outro a defender essa postura e por isso criou o site Vida Jovem Cristã. “O prazer rápido e fácil de agora pode acabar virando a tristeza de amanhã, enquanto que esperar um pouco mais agora nos traz felicidade pro resto da vida”, comenta.
Caretice e avanço
Entre estudiosos e especialistas em relacionamentos há opiniões diferentes sobre esse comportamento.
A psicanalista carioca Teresa Palazzo chega considerar essa valorização da virgindade como um “retrocesso”. “Os filhos de uma geração em que tudo era permitido agora têm uma reação conservadora”, compara com a atitude de liberdade sexual da década de 1970.
Já o psicanalista Fernando Tavares de Lima, diretor clínico do NETPSI (Núcleo de Estudos e Temas em Psicologia), de São Paulo, considera que a valorização dos namoros e da virgindade pode ser positiva por mostrar uma reação da adolescência de hoje contra a banalização do sexo. “Trata-se de uma fase contestadora [adolescência]. O que a geração anterior conquistou vai tentar ser superado pela atual, seja para conseguir mais liberdade, seja para questionar tanta liberdade”, diz.
Com informações do Diário de São Paulo
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