Mundo:Nova política de privacidade da Google preocupa União Europeia
A empresa de internet Google adotou
nesta quinta-feira uma nova política de privacidade apesar dos alertas
da União Europeia (UE) de que a companhia possa estar violando leis
europeias.
As mudanças provocaram uma enxurrada de análises e recomendações em sites especializados. Uma das sugestões feitas aos usuários que não querem ser afetados pelas mudanças é entrar na parte de históricos de pesquisa de cada um dos sites, e ficar constantemente apagando tudo o que estiver ali.
No caso da página de pesquisas da Google, os dados estão em http://google.com/history.
Com a nova política, dados coletados
pelo serviço de buscas da Google podem ser compartilhadas com outras
plataformas do grupo, como YouTube, Gmail e Blogger. Na prática, mais de
60 políticas de privacidade de diferentes sites da Google serão
unificadas em uma só.
A Google disse que as novas mudanças
podem produzir resultados de busca melhores para os usuários que levam
em consideração o seu histórico de buscas. Já a UE anunciou que pretende
investigar a nova política de privacidade da empresa.
O bloco europeu delegou à Comissão
Nacional de Informática e Liberdade (CNIL), órgão que regula o setor na
França, a tarefa de investigar o caso em nome do resto da Europa. A CNIL
não adiantou quais seriam os pontos da nova política da Google que
ferem a legislação europeia, mas disse que pretende mandar uma série de
perguntas para a empresa até meados de março, como parte da
investigação.
O órgão francês fez um apelo à Google
para que a companhia adie sua decisão de adotar as novas medidas. ”A
CNIL e as autoridades de informação da União Europeia estão muito
preocupadas com a combinação de dados pessoais em diferentes serviços”,
afirma uma nota da entidade francesa.
Em resposta, o conselheiro de
privacidade da Google, Peter Fleischer, disse que a empresa pretende
responder a todas as preocupações da CNIL. ”Como vimos diversas vezes na
última semana, mesmo com nossa política de privacidade mudando a partir
de 1º de março, nosso compromisso com princípios de privacidade
continuam fortes como sempre”, escreveu Fleischer, em um blog da
empresa.
A empresa não acatou o pedido do órgão francês de adiar a implementação das medidas.
Entenda melhor as mudanças
O modelo de negócios da Google é baseado
no uso de dados coletados junto a seus usuários. Com estas informações,
a companhia consegue exibir publicidade direcionada aos internautas de
acordo com os seus hábitos de navegação.
Até 1º de março, as informações dos
usuários eram coletadas e mantidas separadamente por cada serviço
Google. Isso significa que qualquer pesquisa no YouTube não tinha
impacto na publicidade que aparece nas páginas de buscas da companhia ou
no serviço de e-mails, Gmail.
As novas regras de privacidade não são opcionais. A única forma de o usuário evitá-las é deixando de usar os sites da Google.As mudanças provocaram uma enxurrada de análises e recomendações em sites especializados. Uma das sugestões feitas aos usuários que não querem ser afetados pelas mudanças é entrar na parte de históricos de pesquisa de cada um dos sites, e ficar constantemente apagando tudo o que estiver ali.
No caso da página de pesquisas da Google, os dados estão em http://google.com/history.
A Google montou uma estratégia de
comunicação para informar seus usuários sobre todas as mudanças. Vários
serviços da empresa exibiram páginas detalhadas logo que o internauta
entrava nos sites.
No entanto, alguns grupos criticam que as mudanças não foram bem explicadas. Uma pesquisa de opinião da YouGov revelou que 47% dos usuários do Google na Grã-Bretanha não estavam cientes da mudança na política de privacidade.
Segundo a entidade que faz campanha por mais transparência na internet, a Big Brother Watch,
apenas 12% dos entrevistados disseram ter lido as novas regras. ”Se as
pessoas não entendem o que está acontecendo com seus dados pessoais,
como elas conseguirão tomar decisões sobre o uso do serviço?”, disse o
diretor do Big Brother Watch, que ajudou a fazer a pesquisa da YouGov. ”A
Google está colocando os interesses de seus anunciantes acima da
privacidade dos usuários, e não deveria apressar essas mudanças antes de
o público geral entender o que elas significam”, completou.
Fonte: BBC Brasil
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