Evangélico passa um ano fingindo ser gay e lança livro polêmico narrando a experiência
Timothy Kurek passou um ano inteiro fingindo ser gay para chegar a uma
simples conclusão: é preciso uma mudança drástica para esquecer o
preconceito.A decisão de fazer essa experiência foi influenciada após uma amiga lésbica compartilhar com Kurek como se sentia após ter sido execrada por sua família por causa de sua sexualidade. Ele disse que ficou tão espantado com a situação de sua amiga que decidiu fazer algo drástico.
Morando na cidade conservadora de Nashville, Tennessee, ele viveu em
meio à comunidade gay durante o ano de 2009. Para garantir o sucesso de
seu projeto, Kurek teve de mentir para sua família profundamente
religiosa sobre ser gay, conseguiu um emprego em uma cafeteria para gays
e contou com a ajuda de um amigo gay que fingia ser seu namorado em
público.
A experiência de Kurek, que não incluiu contato íntimo com outros
homens, está documentado no seu livro “”The Cross in the Closet” (A Cruz
no Armário), que tem recebido atenção internacional. Recentemente, o
assunto foi o tema de um especial do programa “The View”, da rede ABC.
Claro, gerando muitas críticas por parte de gays e de cristãos.
Para Kurek, viver um ano como gay mudou radicalmente sua visão da fé e
da religião. Ele afirma que lhe ensinou “o que significa viver como um
cidadão de segunda classe.” Kurek diz que a única coisa que conhecia era
“a vida na igreja evangélica”. Essa era a sua identidade. Ele foi
educado em um lar cristão, frequentou a mesma igreja batista a vida toda
e estudou na Liberty University, a maior universidade evangélica do
mundo. Sua visão de mundo o levou a ter pontos de vista profundamente
preconceituosos sobre a homossexualidade. “Eu acredito em imersão
total”, explica Kurek. “Se você quer realmente entender as outras
pessoas, precisa passar pelo que elas passam”.
No livro, Kurek relata sua mãe chegou a dizer que preferia que seu filho
tivesse dito que tinha câncer do que saber que ele era gay. Essa
experiência e outras deixaram Kurek confuso e em conflito sobre suas
crenças em um meio religioso que dizia pregar o amor.
Repercussão
Ao ser exibido na TV, o caso repercutiu mal na comunidade LGBT de
Nashville. “Eu creio que a comunidade gay, e cada pessoa que confiou em
Kurek suficiente para flertar com ele, sair com ele e confiar nele…
sentiu-se traído agora” escreveu Amy Lieberman, responsável pelo blog
LGBTS Feministing.
Emily Timbol, que possui um blog sobre religião, escreveu no Huffington
Post o artigo “Fingir ser gay não é a resposta”, onde declarou uma
opinião semelhante: “O mais triste é que cada interação que Timothy
Kurek teve durante esse ano foi falsa… Ele foi recebido sob falsos
pretextos, agindo como alguém que entendia a luta que seus amigos LGBT
enfrentam”, escreveu ela. “Mas ele não entendia”.
Kurek se defende, dizendo que esse não era seu objetivo. “Este não é um
livro sobre ser gay. Eu não poderia escrever esse livro, pois não estou
qualificado. O objetivo é falar sobre o rótulo de gay e como ter esse
rótulo me afetou pessoalmente”.
Depois de tudo que passou, ele diz que não se considera mais amigo de
“99,99% das pessoas com quem eu cresceu. Kurek diz que ele não decidiu
se afastar das pessoas, mas quando encontrava com os membros de sua
antiga igreja, eram apenas conversas cordiais e rápidas. Quando a mãe de
Kurek disse a uma amiga da igreja que seu filho era gay, ouviu que a
sexualidade de Timothy poderia comprometer a posição dela na igreja. Um
ano depois isso mudou. De acordo com Kurek, sua mãe agora defende os
direitos da comunidade LGBT.
Hoje Kurek afirma que continua indo à igreja, embora com menor
frequência, e ainda se considera um cristão, embora não mais evangélico
no sentido tradicional. Ele cita Tiago 1:27, do Novo Testamento, que
fala sobre a religião que deseja viver.
Quanto ao seu objetivo original, que era mudar radicalmente de opinião,
Kurek diz que venceu seus preconceitos contra os gays e está feliz com a
pessoa que se tornou. Com as boas vendas do livro, ele diz que irá doar
parte da renda que obteve para ajudar jovens LGBT sem-teto, que foram
rejeitados por suas famílias.
Sua família diz estar feliz em saber que ele não é gay. No momento a
família, dedica-se a trabalhar numa sequência de “A Cruz no armário”,
onde deve contar como passou a viver depois de sua experiência, a
transição de volta à vida heterossexual e como ele continua a se
interagir com a comunidade LGBT. “Eu quero contar mais histórias”, diz
ele, “e humanizar as pessoas para quem os cristãos sempre querem olhar
usando rótulos.”
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