Músico diz que Deus está morto e chama crentes de "pragas do Egito"
Em um artigo escrito pelo músico e
compositor Zeca Baleiro e publicado no site da Revista IstoÉ, ele diz
não acreditar em Deus e que evangélicos são como “pragas do Egito”.
“Não creio em Deus. Pelo menos não da
mesma forma que um cristão ou um muçulmano. O “Deus” que me interessa é
um Deus mais “filosófico” (ou mesmo “teológico”) que um Deus santíssimo.
Aí está a grande questão. A filosofia é, grosso modo, a possibilidade
de relativizar as coisas, e para as religiões não há relativização
possível. Ou é céu ou inferno, ou pecado ou virtude, ou Deus ou diabo,
bem ou mal”.
Baleiro diz em seu artigo que os
evangélicos têm crescido no Brasil atualmente assim como aconteceu com a
popularização do islamismo nos anos 60 e 70, e agora estão dispostos a
carregar cada vez mais fiéis para suas religiões e “invadindo a internet
como pragas do Egito” para divulgar seus” pensamentos morais
totalitários” com comentários muitas vezes ‘infelizes’ nos blogs e sites
de notícias.
O cantor também criticou católicos,
apesar de dizer que tem apreço pelos seus ritos e curiosidades por vidas
de santos. Ele diz que o Papa Bento XVI não é carismático e que os
católicos estão tentando trazer de volta seus fiéis através da Renovação
Carismática e pela “espetacularização da fé através da missa-show e do
sermão-palestra motivacional”.
“Com esses questionamentos acerca da fé,
me indago: estarei eu sendo um fundamentalista também?”, se questiona
Baleiro, para quem a melhor definição para o Deus dos cristãos e
muçulmanos é a que o filósofo Nietzsche propôs: “Deus está morto”.
Artigo da Revista IstoÉ
Fundamentalistas
Todo fundamentalismo é perigoso, seja
quando se trata de religião, política, economia, nacionalismo ou até em
temas "prosaicos" como futebol e música.
Não creio em Deus. Pelo menos não da
mesma forma que um cristão ou um muçulmano. Tenho apreço pelos ritos
católicos e curiosidade por vidas de santos, isso por ser um amor
aprendido na infância – e amores da infância são (quase) eternos. O
“Deus” que me interessa é um Deus mais “filosófico” (ou mesmo
“teológico”) que um Deus santíssimo. Aí está a grande questão. A
filosofia é, grosso modo, a possibilidade de relativizar as coisas, e
para as religiões não há relativização possível. Ou é céu ou inferno, ou
pecado ou virtude, ou Deus ou diabo, bem ou mal.
Seja como for, religião é um assunto que
me interessa. E que ultimamente me preocupa. Porque noto que as
religiões estão todas se tornando um tanto fundamentalistas (e não só o
islamismo, como já é sabido). Todo fundamentalismo é perigoso, seja
quando se trata de religião, política, economia, nacionalismo ou até em
temas “prosaicos” como futebol e música (conheço alguns
“fundamentalistas de mesa de bar”, aqueles sujeitos de opinião
irredutível que têm a convicção dos crentes e a falta de humor dos
fanáticos).
Os fundamentalistas querem a volta à
barbárie, querem subtrair da humanidade todas as suas conquistas, quando
o único futuro possível do mundo – se é que há um – parece ser o culto à
civilidade, a busca da democracia (mesmo que esta seja uma busca
utópica) e o respeito e a tolerância às escolhas dos outros. Um mundo
próximo do ideal seria um mundo onde todos pudessem vivenciar seus
credos e convicções sem o barulho insano e cego das urbas, sem a sanha
fundamentalista dos grupos e doutrinas. Mas isso parece cada vez mais
longe.
Entre os anos 60 e 70, muitos americanos
se converteram ao islamismo, entre eles personalidades pop como o
lutador Classius Clay e o cantor Cat Stevens. Isso ajudou bastante a
difundir a doutrina islâmica mundo afora. Era charmoso, com uma certa
tinta contracultural até. Naquela altura, ninguém imaginaria que a
religião islâmica seria a máquina de morte em que se transformou hoje.
Hoje também evangélicos às pencas, dispostos a carregar mais ovelhas
para seu rebanho, invadem a internet como pragas no Egito para difundir
seu pensamento moral totalitário em comentários nem sempre felizes ao pé
de blogs e sites de notícias. E os católicos buscam, com a Renovação
Carismática e sob o comando de um papa sem carisma, a volta dos fiéis
pela espetacularização da fé através da missa-show e do sermão-palestra
motivacional.
A falência das liturgias e o avanço de
uma visão fundamentalista do mundo são sintomas do que Nietzsche, não
por acaso um filósofo, decretou bem antes de nós, com a certeza de um
crente: “Deus está morto.” Com esses questionamentos acerca da fé, me
indago: estarei eu sendo um fundamentalista também?
Fonte: Verdade Gospel
Artigo na Revista Isto É
Category:
0 comentários