A importância da Religião e do trabalho na recuperação de dependentes químicos
Mesmo com metodologias muito diferentes, há algumas características básicas que podem ser encontradas nas comunidades terapêuticas mais conceituadas que funcionam no país para recuperação de dependentes químicos, uma delas é a religião.
1. As comunidades acreditam que as atividades religiosas (cultos, cursos, palestras) estão no cerne da recuperação das pessoas. Usada como recurso para reorientar psicológica e moralmente o interno, a religião estimula valores como a solidariedade. Nessa linha, muitas comunidades procuram reproduzir a rotina familiar, unidade básica da sociedade, provocando a participação e o envolvimento do interno. A própria família do dependente químico é estimulada a participar, ainda que as visitas sejam restritas e monitoradas.
2. Para atingir os objetivos, a disciplina nas comunidades terapêuticas costuma ser rígida. O cumprimento das regras e dos horários e a frequência às atividades são cobrados. É imperioso que haja respeito aos demais membros da comunidade. Assim, espera-se que os internos tenham consciência de suas responsabilidades e tarefas, inclusive por trabalharem em equipe. Os internos devem cuidar de seus próprios pertences e das instalações da comunidade, além de preparar e servir a própria comida.
3. Como terapia ocupacional, os internos trabalham. Aquilo que produzem ou plantam é vendido, em muitos casos, para gerar renda, que ajuda a sustentar a comunidade em que estão internados. A atividade serve ainda como preparação profissional que possa ajudar na reinserção social da pessoa depois da internação, para que ela se sinta incluída na sociedade e as chances de recaída sejam reduzidas.

4. O trabalho é voluntário, executado por pessoas vocacionadas, que se dedicam, sem salário, a orientar os internos. Muitas das comunidades, no entanto, recorrem aos serviços remunerados de profissionais habilitados em áreas como psicologia e medicina.
5. A atenção e o acompanhamento do interno são, na medida do possível, individualizados, o que tende a propiciar melhores resultados às terapias.
6. Separação por sexo (praticamente todos os estabelecimentos só atendem a pessoas de um mesmo sexo) e exigência de abstinência sexual durante a internação.
7. A abstinência do álcool e das drogas é total. A estratégia radical, porém, é criticada por especialistas em dependência química.
8. O contato com a natureza, com animais, esporte, cultura e lazer em grupo, facilitados pela instalação das comunidades terapêuticas em fazendas, é outro diferencial, eliminando as fontes de estresse e ansiedade da vida urbana.
9. O tempo médio de tratamento gira em torno de um ano. Não é claro como é medido o grau de dependência e como isso influencia no desenvolvimento e no cumprimento de um programa terapêutico que também previna recaídas. Essas características se referem às comunidades que são referência, inclusive para a subcomissão do Senado. Os especialistas médicos reconhecem a metodologia e o esforço das comunidades terapêuticas para acompanhamento, assistência e reinserção social dos dependentes, depois que a doença (mental ou de dependência química) seja diagnosticada e tratada. Porém, há comunidades terapêuticas criticadas por não terem know-how para tratar pessoas com problemas físicos e psiquiátricos associados, bem como a dependência química a múltiplas drogas, especialmente o álcool, e fazer o encaminhamento dos internos à rede pública de saúde. Outras são acusadas até de escravização dos pacientes.
Em Discurssão Blog Mroberto
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