Noticia: Mulçumano afirma em seu livro que Jesus era revolucionário e que queria assumir seu trono na terra
Temas polêmicos ligados à religião são, normalmente, um ingrediente
central em obras literárias de grande apelo popular, e um tema que
frequentemente leva livros a serem um sucesso de vendas.
Usando Jesus
como tema, é exatamente esse o caso da obra que lidera há três semanas a
lista de mais vendidos do The New York Times e da Amazon.
Lançado há um mês nos Estados Unidos, o grande best-seller atual é
Zealot: the life and times of Jesus of Nazareth (Zelote: a vida e os
tempos de Jesus de Nazaré), um livro escrito pelo iraniano Reza Aslan
que mostra Jesus como um revolucionário que tinha por objetivo expulsar
os romanos da Judeia, criar um reino de Deus na Terra e assumir seu
trono.
- Ele era um zelote revolucionário, que atravessou a Galileia
reunindo um exército de discípulos para fazer chover a ira de Deus sobre
os ricos, os fortes e os poderosos – escreve Aslan no começo de seu
livro.
O termo “Zelote” significa “Alguém que zela pelo nome de Deus”, mas é
também usado para descrever um religioso fervoroso, ou até mesmo
fanático. Os zelotes eram um político judaico que defendia a rebelião do
povo da Judeia contra o Império Romano, formado por pessoas que
pretendiam expulsar os romanos pela força.
Estudioso de religiões e professor de escrita criativa na
Universidade da Califórnia, Aslan é muçulmano e alavancou ainda mais as
vendas do livro depois de uma entrevista concedida à rede de televisão
americana Fox News, em que foi questionado pela âncora Laura Green se
tinha direito, por ser muçulmano, de escrever um livro sobre Jesus.
Em sua resposta, o estudioso afirmou que escreveu o livro como
acadêmico com doutorado e especializações em história das religiões e 20
anos de estudo das origens do cristianismo. Essa polêmica aumentou as
vendas do livro em 50%, e desbancou recordistas de vendas como a
britânica J.K.Rowling, autora de Harry Potter.
De acordo com a revista Época, o tema central do livro é uma inversão
da visão atual que o cristianismo tem sobre Jesus. Aslan defende em seu
livro que Jesus não foi um pacifista que, diante da violência,
“oferecia a outra face” e amava os inimigos, mas um revolucionário, cujo
objetivo principal era expulsar os romanos da Judeia, criar um reino de
Deus na Terra e assumir seu trono.
De acordo com o livro, Jesus agiu como muitos revolucionários ao
buscar seus discípulos “entre aqueles que se viram lançados à margem da
sociedade, cujas vidas tinham sido interrompidas pelas mudanças sociais e
econômicas que ocorriam por toda a Galileia”. Por isso, ele afirma que
Jesus obteve um grande apreço popular, conquistando o povo com seu
carisma.
- Ele era visto como alguém com autoridade, mas, ao contrário dos
escribas inacessíveis e dos sacerdotes ricos, parecia um homem do povo,
uma dádiva de Deus – descreve o escritor.
Sua argumentação é baseada, principalmente, no relato da entrada de
Jesus em Jerusalém de forma triunfal, montado num jumento, quando foi
recebido pelo povo sob gritos de Hosana, salmos e com ramos de árvores
sendo jogados à sua frente.
- Mais do que qualquer outra palavra ou ação, sua entrada em
Jerusalém ajuda a revelar quem era Jesus e o que ele quis dizer. Um
camponês analfabeto entra em Jerusalém e é o tão aguardado Messias, o
verdadeiro rei dos judeus, que veio para libertá-los da escravidão –
argumenta o escritor.
Ao explicar como esse Jesus que ele descrever chegou ao conhecimento
popular como é retratado hoje, Aslan afirma que essa visão sobre Jesus
surgiu quase 30 anos após a crucificação, pelas mãos de “judeus
cristãos”. Citando Paulo como principal responsável por essa suposta
transformação nos relatos sobre Cristo, ele afirma que, na tentativa de
evitar as perseguições do Império, “transformaram o Jesus revolucionário
num semideus romanizado”.
Zealot será lançado no Brasil em 2014. Gospel + com informação do blog
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